06/02/2013

Hoje é dia de Português por aqui. Vamos deixar nosso conhecimento sobre os tempos e modos verbais ainda mais afiado? Ô se vamos. Tem texto seguido de questão que é pra deixar todo mundo pronto para as provas que virão.

Nós e as minhocas

Viajar embaixo da terra é coisa para minhoca, ou para a gente das cidades modernas. Foi pensando nisso que entrei, há muitos anos, no meu primeiro trem Subway para passear de um bairro a outro de São Paulo. Meu primeiro metrô. Trens eu já conhecia de criança, quando viajava pelo interior do estado nos mais diferentes percursos, entretido com a paisagem puramente rural que desfilava pela janela (saudades). Casinholas, pastos, bois, mangueiras, montes, cercas, riachos… Pois entrei no meu primeiro metrô, me instalei junto à janela e comecei a ver passar, quase indistintamente, paredes de concreto, grossas colunas, tubulações metálicas. Até chegar às luzes artificiais de uma nova estação, igualzinha à de onde tinha saído.

Sem dúvida, uma incrível economia de tempo, essas viagens de metrô. Levamos cinco minutos subterrâneos para percorrer uma hora de superfície, digamos assim. Mas a paisagem… Nem digo a dos campos, rios e montanhas que meus antigos trens atravessavam; mesmo uma avenida ou um viaduto paulistanos são encantadores diante do concreto pardo que hipnotiza a gente. Por isso, sair pela porta automática, subir a escadaria rolante e reencontrar o ar e a luz do dia ( ou mesmo as sombras da noite) é uma experiência de renascimento.

Mas não nos queixemos. Nem tudo são belas paisagens sobre a terra. Os negócios precisam caminhar, as providências cotidianas têm que ser tomadas, as cidades são enormes e todos (ou quase todos) temos pressa. Faz parte das nossas contradições metropolitanas distanciar pessoas e imaginar meios para reaproximá-las. Depois que inventamos o muito longe, tivemos que inventar o muito rápido. Depois que ocupamos toda a área da superfície urbana, precisamos criar os quilômetros fundos dos túneis cegos. As minhocas, que não conhecem civilização, queixam-se quando as arrancamos da terra, contorcem-se furiosamente. Mas, se tivessem olhos e houvessem andado de trem quando meninas, talvez não estimassem tanto suas lentas caminhadas no lfundo da terra.

(Urbano Mesquita, inédito)

(FCC/Advogado júnior/METRÔ-SP/2012)

(Questão 09)

Está plenamente adequada a correlação entre tempos e modos verbais na frase:

(A)  Nem bem saí pela porta automática e subi as escadas rolantes, logo me encontraria diante da luz do sol e do ar fresco da manhã.

(B)   Eu havia presumido que aquela viagem de metrô satisfizesse plenamente as expectativas que venho alimentando.

(C)  Se as minhocas dispusessem de olhos, provavelmente não terão reclamado por as expormos à luz do dia.

(D)  Não fossem as urgências impostas pela vida moderna, não teria sido necessário acelerar tanto o ritmo de nossas viagens urbanas.

(E)    Como haveremos de comparar as antigas viagens de trem com estas que realizássemos por meio de túneis entre estações subterrâneas?

Gabarito: Na alternativa A, a segunda oração (…,logo me encontraria…) está em tempo verbal errado, o correto seria (…, logo me encontrei…), devido ao verbo da oração principal estar no pretérito perfeito.

Já na alternativa B, o verbo “satisfazer” foi colocado no pretérito imperfeito, o que não correlaciona adequadamente com o verbo composto “havia presumido”, devendo substituir “satisfizesse” por “satisfaria”.

No caso da alternativa C, o verbo composto”terão reclamado”(futuro do presente) não acompanha de forma correta o verbo “dispusessem”(pretérito imperfeito), o certo seria “teriam reclamado”.

A alternativa D é o nosso gabarito, sendo o primeiro verbo “fossem” no pretérito imperfeito e o verbo composto “teria sido” no futuro do pretérito.

Na alternativa E, o verbo “realizar” está no pretérito imperfeito, o que deverá ser substituído pelo presente do indicativo (realizamos).

Cedido pela professora auxiliar Glaucia Dornellas.

Comentar